SAÚDE MENTAL: professores e servidores discutem rede de apoio psicológico para o bem estar dos alunos da EaD

Reportagem: Laurence Campos / Nathalia Souza

De acordo com um levantamento feito pela Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor do IFRN (COASS-IFRN), 713 alunos procuraram apoio psicológico com sintomas de ansiedade em 2018. O número representa quase 1/3 do total de atendimentos realizados durante esse período, trazendo à tona uma questão importante: o que professores e profissionais da educação podem fazer diante de tantos casos de ansiedade no meio acadêmico?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está atenta a esse problema em nível global. Este ano, segundo a Organização, cerca de 800 mil jovens com idades entre 14 e 29 anos chegaram ao extremo, tirando a própria vida e deixando de luto inúmeras famílias ao redor do planeta. O número é assustador e reflete a necessidade de debates em escolas e instituições de ensino.

Pensando no cuidado com esses jovens, o IFRN lançou o projeto “Diálogos Sobre Saúde Mental na Escola: Criando uma Rede de Cuidados”. A ideia inclui momentos de discussão em todos os 21 campi do Instituto, alertando professores e técnicos-administrativos sobre a necessidade de atenção conjunta para a saúde mental dos estudantes.

Saúde mental nos cursos a distância

Cíntia Gouveia e Cássio Martins, psicólogos do IFRN

Na última quarta-feira (20), foi a vez do Campus Natal – Zona Leste, responsável pelos cursos a distância do IFRN, receber o projeto. Organizado por Cíntia Gouveia, psicóloga do IFRN, o diálogo ressaltou a importância do autoconhecimento e da empatia.

O psicólogo do Campus Currais Novos do IFRN, Cássio Martins, falou sobre como reconhecer os sinais de um problema psicológico e como auxiliar os alunos e servidores quando identificado o problema. Para ele, é fundamental que todos estejam atentos ao comportamento diário das pessoas ao nosso redor: “a nossa intenção é fazer com que vocês aprendam, primeiramente, a olhar para si e se reconhecerem para que, assim, vocês possam ajudar outras pessoas”. 

O professor Ernesto Tacconi Neto busca conversar com os alunos e orienta que busquem ajuda profissional

Na educação a distância, o processo de identificação se dá de forma delicada, visto que os alunos não têm atividades presenciais com frequência. Sendo assim, o ideal é que o próprio discente entre em contato com o professor e peça ajuda. O professor Ernesto Tacconi Neto relatou que já vivenciou momentos em que um aluno deixou de entregar uma atividade por causa de um problema relacionado à rotina conturbada. “O contato ocorre através do Ambiente Virtual de Aprendizagem, onde, normalmente, o aluno relata o problema que o impediu de entregar uma atividade no prazo. Eu sempre converso sobre o que está acontecendo”, relata.

Todos podem ajudar

Cíntia Gouveia explica que não é necessário ser profissional da área da saúde para ajudar outra pessoa. Para o projeto dar bons frutos, é necessário que as pessoas olhem umas para as outras, gesto esquecido diante da rotina corrida: “nós podemos ajudar uma pessoa em três níveis diferentes: perguntando se ela está bem; chamando a pessoa para conversar; ou perguntando sobre alguém próximo a ela, um amigo ou um parente, a quem podemos recorrer”, explica.

É importante ressaltar que os casos específicos de ansiedade precisam ser acompanhados por um psicólogo ou, quando necessário, um psiquiatra. De qualquer forma, gestos simples como ouvir atentamente e abraçar com carinho são sempre ótimos remédios. E já que todos podemos fazer uma parte do bem estar coletivo, eu quero, por meio de palavras, passar o meu abraço, forte e apertado, pra você: o que acha de continuar essa corrente e abraçar mais a partir de hoje? Compartilhando emoções, você também faz um mundo melhor.