Mulheres egressas do sistema prisional têm acesso a aprendizagem e dignidade no IFRN
Isabela Santos – Jornalista e Repórter da Agência Saiba Mais
Fotos: Laurence Campos/ IFRN
Os cursos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) para mulheres egressas do sistema prisional pretendem oferecer mais do que algum conhecimento técnico. “O que a gente quer é que essas mulheres tenham acesso à dignidade humana e que elas sonhem e tracem novos projetos de vida. Além do processo de aprendizagem vai ser trabalhada essa pessoa humana, essa mulher”, explica a professora Edneide da Conceição Bezerra.
Ela é coordenadora da Universidade Aberta do Brasil e coordenadora pedagógica do “Projeto Alvorada: inclusão social e produtiva de pessoas egressas do sistema prisional”, iniciativa do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em parceria com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) e executado pelo Campus Avançado Natal-Zona Leste do IFRN.
O projeto oferece formação inicial e continuada para 20 mulheres que saíram do sistema prisional há no máximo 12 meses ou que estejam cumprindo prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. Ao todo, serão três cursos, com aulas presenciais: Auxiliar em Administração, Informática Básica e Empreendedorismo e Inovação.
A aula inaugural do projeto foi realizada na tarde da quinta-feira (10), no Campus Natal-Central, com presença do reitor do Instituto, o professor José Arnóbio de Araújo Filho; da juíza da Vara de Execução Penal da Comarca de Mossoró, Cíntia Cibele Diniz de Medeiros; e de representantes das entidades envolvidas.
Carla Rosália Cavalcanti Agostinho – Aluna do projeto alvorada – Fonte: Laurence Campos / IFRN
Houve apresentação musical do grupo Arte em Cantoria, do Campus Jucurutu, com a música “Enquanto houver sol”, dos Titãs; e a leitura poética de Cândida de Souza de um poema retirado do livro “Gangrena: o sistema prisional em poema”, do autor Samuel Lourenço Filho.
Foi o primeiro evento da unidade após a retomada das atividades presenciais. “Foi um momento muito bonito. Todos estavam muito emocionados. Fomos para a sala, entregamos o material, a farda, para que elas já se sintam alunas do IFRN”, conta Edneide.
Rafaela Barbosa do Rêgo – Aluna do projeto alvorada – Fonte: Laurence Campos / IFRN
A doutora em Educação comenta que todas as pessoas privadas de liberdade precisam ser assistidas pelo Estado brasileiro ao retornarem ao convívio social, mas sobretudo as mulheres, porque a elas “não é dado sequer o direito de errar”. Por essa razão, foi o grupo escolhido pelo instituto potiguar como público-alvo desse trabalho.
“Na Lei de Execução Penal, é um direito garantido. Mas a história do egresso no nosso país mostra que ele não tem acessado direitos. Na maioria das vezes, ele entra na prisão porque todos os direitos são negados e quando sai mais direitos são negados: o da convivência com os seus na sua comunidade, por exemplo. Estar em um curso de formação continuada no Instituto Federal, de certa forma, retoma um pouco essa dignidade humana, o sentimento de aceitação, de ter vez, voz. Principalmente a mulher. A mulher não pode errar. E quando ela está na prisão o feminino é completamente apagado”, conclui.
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