NEABI no IFRN Zona Leste: Promovendo a Consciência Antirracista e a Valorização da Diversidade
NEABI do IFRN/ZL tem se destacado como um pilar fundamental na promoção de práticas antirracistas e na valorização das culturas negras e indígenas.
20 de novembro de 2024
No Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal-Zona Leste, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI) tem se destacado como um pilar fundamental na promoção de práticas antirracistas e na valorização das culturas negras e indígenas. Por meio de ações educacionais, eventos e debates, o núcleo tem transformado o Campus em um espaço mais inclusivo e representativo.
Desde sua criação em 2012, o NEABI atua alinhado às legislações que tornaram obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, como as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. Segundo Fernando Varella, coordenador do núcleo, essas iniciativas são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa. “Nosso trabalho reforça a inclusão e combate diretamente o preconceito, promovendo uma educação que acolhe e respeita a diversidade”, afirmou.
As bancas de heteroidentificação são um dos exemplos de como o núcleo contribui para a implementação de políticas afirmativas no campus. Essas bancas ajudam a garantir o acesso de estudantes negros e indígenas às vagas destinadas por cotas, fortalecendo a igualdade de oportunidades.
Ações e impacto social
O NEABI realiza seminários, palestras e eventos como o Gira de Conversa, que cria um espaço de diálogo sobre temas relacionados à ancestralidade e à inclusão. Durante a pandemia, o núcleo organizou webinars, como o evento Vidas Negras Importam, promovendo debates sobre o impacto do racismo estrutural na sociedade brasileira.
Além disso, o núcleo busca integrar a comunidade acadêmica às realidades quilombolas e indígenas. “Queremos levar o conhecimento do campus às comunidades e trazer as experiências dessas comunidades para dentro do instituto. Essa troca de saberes é transformadora”, destacou Varella.
Outra atividade do NEABI é o projeto de extensão que fornece aulas de capoeira aos servidores do Campus Natal-Zona Leste em parceria com Núcleo de Artes do Campus Natal-Central e o Centro Cultural Corpo Livre.
O papel da autoafirmação na luta contra o racismo
Wagner Campos, servidor do IFRN e membro ativo do NEABI, ressaltou a importância de construir uma identidade institucional plural e inclusiva. “Quando afirmamos que o campus valoriza as culturas negras e indígenas, estamos criando um ambiente que inibe atitudes racistas. Essa autoafirmação é uma das formas mais eficazes de combater o preconceito”, explicou.
Ele também destacou o combate ao microracismo, práticas sutis e enraizadas que muitas vezes passam despercebidas. “É um processo de reeducação social e pessoal. Precisamos identificar e desconstruir esses comportamentos para alcançar uma inclusão real”, afirmou.
A juventude como protagonista
O envolvimento de jovens, como a bolsista Letícia Gomes, é um reflexo do impacto do NEABI no campus. Letícia compartilhou sua experiência com o núcleo e como isso a ajudou a valorizar sua identidade e a combater o racismo. “O NEABI me abriu os olhos para a importância de conhecer e respeitar nossa história. Isso me transforma e me dá força para transformar o espaço ao meu redor”, declarou.
Letícia, estudante de Técnica em Administração e bolsista do NEABI, compartilhou como o núcleo tem impactado sua visão de mundo. “Eu estou conhecendo a cultura africana e afro-brasileira de uma forma que não conhecia antes, mesmo tendo só dois meses no projeto. É muito enriquecedor”, afirmou.
Ela também relembrou as dificuldades de sua infância, como as experiências de racismo implícito relacionadas ao cabelo. “Eu sempre usava ele amarrado, porque não via outras crianças como eu. Só depois de um tempo comecei a soltar, cortar e pintar, e me sentir mais confortável com minha identidade”, contou Letícia.
Letícia reforçou a importância de conscientizar desde cedo sobre a cultura afro-brasileira: “É algo bonito que precisa ser ensinado desde a infância. Muitos não têm contato com essa história, nem mesmo na escola”, pontuou. Ela destacou o papel do NEABI em sua vida: “Além de me qualificar, o núcleo me faz entender o impacto de combater o racismo, seja ele interno ou externo.”
Próximos desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, Fernando reconhece que ainda há muito a ser feito. “Estamos no caminho certo, mas precisamos continuar fortalecendo nossas ações para garantir que a cultura negra e indígena esteja presente no dia a dia do instituto”, afirmou. Entre os planos estão a ampliação de eventos e a inclusão de mais representantes externos nos debates.
As ações do NEABI no IFRN/ZL vão além do combate ao racismo; elas promovem um processo contínuo de reflexão, conscientização e mudança social. Ao valorizar as culturas afro-brasileira e indígena, o núcleo não apenas enriquece o ambiente acadêmico, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva.