“Uma perspectiva humana integral”: conheça o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas

O núcleo tem como função garantir a permanência e êxito dos alunos com necessidades específicas a partir de adaptações educativas. 

Garantir a igualdade de condições para o acesso e permanência no ambiente de ensino é um direito social de todos e dever do Estado, segundo a Constituição brasileira. A partir disso, é preciso ter sempre o olhar voltado para as demandas dos alunos com necessidades específicas, a fim de que seu processo de aprendizado seja contemplado com excelência. Para viabilizar o exercício desse direito, foi instituída em 2004 pelo Decreto nº 5.296 a criação de núcleos de atendimento educacional especializado. No IFRN, eles foram institucionalizados como Napne (Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas) em 2012.

“A instituição é responsável, todos nós somos responsáveis por garantir esse direito legítimo de todas as pessoas, o da educação”, diz Gueidson Pessoa, professor e vice-coordenador do Napne no Campus Avançado Natal – Zona Leste do IFRN. “O núcleo vem para fomentar,  fortalecer e sistematizar ações para que isso aconteça em nossa instituição. Essa é uma perspectiva humana integral.”.

Criado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), o Napne foi institucionalizado no Instituto Federal do Rio Grande do Norte a partir de um outro programa, o Tec Nep – Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais. Gerido pelo Ministério da Educação, o Tec Nep surgiu devido à observação do baixo número de pessoas com deficiência na educação profissional. A fim de mudar esse cenário, o programa de ação integrada tinha como objetivo alcançar uma educação inclusiva que garantisse o desenvolvimento de ações estratégicas que atendessem às necessidades educacionais específicas de alunos com deficiência, altas habilidades e condutas atípicas. 

No IFRN/ZL, o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas está ligado à Diretoria Acadêmica e foi instituído através da Portaria nº 1533/2012

Como funciona o Napne?

 O Napne engloba um público maior que o das pessoas com deficiência, especificamente. O vice-coordenador do núcleo no IFRN/ZL, Gueidson Pessoa explica: “chamamos de necessidades educacionais especiais porque elas exigem um acompanhamento especializado. As necessidades educacionais específicas vão além das pessoas com deficiência, porque elas também abarcam pessoas em contextos sociais diversos e necessitam desse apoio dentro do processo de ensino e aprendizagem, pelo menos para potencializar esse processo.”.

Segundo o vice-coordenador o foco do Napne tem sido as pessoas com deficiência, transtornos, hiperatividade e superdotação. No entanto, as ações não se restringem a elas. Os alunos que estejam em situação de vulnerabilidade também podem, e devem, procurar o núcleo de apoio para que se possa trabalhar com a assistência social e lhes dar algum suporte.

Dessa forma, o núcleo é um grupo de assistência que media processos educativos e fomenta a educação inclusiva dentro da organização. Tendo isso em mente, é impossível que o seu objetivo seja alcançado sem o auxílio de outros setores. Desse modo, as ações do Napne têm início a partir do momento em que o aluno ingressa no campus e seguem em colaboração com o corpo docente e demais equipes responsáveis pela estrutura dos ambientes físico e virtual – como no contexto da educação a distância (EaD). 

Adilina Andrade, pedagoga do Napne no Campus Avançado IFRN/ZL, explicou que o passo a passo para assistir e acolher o estudante começa com uma entrevista pedagógica. Realizada por uma psicopedagoga, essa etapa tem o objetivo de identificar adequações curriculares que possam ser necessárias para o melhor desempenho do discente no curso. A partir das respostas, a equipe do núcleo se reúne com os professores, alunos e coordenação de curso para montar um plano de estudos individualizado (PEI). 

Dentre as adequações possíveis, podemos destacar a solicitação de intérpretes, ledores, transcritores, materiais em braile, impressões ampliadas, assim como adaptações no ambiente virtual. 

Após esse primeiro contato e realizada as devidas adaptações, a psicopedagoga mantém contato regularmente com o aluno através de reuniões online para acompanhar seu processo de aprendizado. 

“Para atender um aluno, é preciso muito ouvir. Não é porque duas pessoas têm a mesma deficiência que o atendimento vai ser o mesmo. Cada um tem as suas limitações”, comenta Adilina sobre o processo de assistência no núcleo. 

Além do atendimento ao aluno, o Napne também atua na formação de profissionais aptos a lidarem com necessidades específicas. Nesse contexto, o núcleo organiza anualmente o Setembro Multicor,  evento que faz alusão ao Mês e ao Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro). A iniciativa surgiu como uma resposta à necessidade de promover discussões sobre inclusão no contexto da educação a distância. 

Quem faz o Napne?

Segundo a normativa que regulamenta os núcleos, o Napne é formado obrigatoriamente por um assistente social, um pedagogo, um psicólogo, um docente e um discente. Eles são considerados membros natos, ou seja, são imprescindíveis para o funcionamento dos processos aos quais o setor se propõe. 

Os profissionais do núcleo atuam de forma voluntária em prol de uma educação universalizada. 

Thalita Motta, professora da área pedagógica, acredita que é dever da instituição cumprir a responsabilidade social de atender as pessoas com deficiência, garantindo a acessibilidade e a inclusão nos ambientes acadêmicos e administrativos. “Eu acredito que essa participação faz parte da minha função docente, ao mesmo tempo, em que aprimora os meus conhecimentos sobre a área”, acrescenta. 

O Napne no contexto da EaD

A educação a distância tem transformado a educação ao diminuir as barreiras e permitir um acesso mais amplo ao conhecimento. Contudo, essa modalidade exige bastante autonomia dos alunos. 

Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, defendia que a educação inclusiva implica em criar um ambiente de aprendizagem no qual todos sejam contemplados, apesar de suas diferenças. O pedagogo foi muito consistente em sua luta por uma educação autônoma para os alunos, levando em consideração que, para materializar a autonomia de forma equitativa, são necessários elementos específicos. No contexto de EaD isso se torna ainda mais vital. 

No caso das pessoas com deficiência, o cenário dentro dessa modalidade de educação ainda é delicado, pois as páginas nos sites e plataformas digitais ainda são formatadas para atender apenas os alunos padrões. Considera-se, por exemplo, que todos os que vão utilizar esses recursos são alfabetizados, que todos leem, veem e compreendem a sequência de textos perfeitamente. Porém, é preciso voltar-se para a realidade e levar em consideração as diversas situações possíveis. Vem daí a importância de o Napne alcançar, mediante as tecnologias disponibilizadas pela educação a distância, os estudantes que necessitam de elementos específicos para obter autonomia e potencializar os seus estudos nessa modalidade.  

“É importante nós compreendermos, concebermos a deficiência não como doença, não como mera limitação, mas como um modo de ser e estar no mundo. Então, vemos esse indivíduo enquanto indivíduo propriamente dito”, afirma Gueidson. 

O Napne é um setor essencial para a garantia do direito a uma educação de qualidade para todos. Caso você seja aluno da instituição e esteja precisando de assistência, procure algum professor para comunicar suas necessidades ou entre em contato com o núcleo de apoio através do e-mail napne.zl@ifrn.edu.br.

Equipe técnica

FUNÇÃONOMEREPRESENTAÇÃO
Coordenador TitularTatiana Gomes de Souza MedeirosAssistente Social
Coordenador SuplenteGueidson Pessoa de LimaDocente
Secretária TitularÂngela Nairá de Farias RochaSociedade Civil
Secretária SuplenteElaine Caroline de MacedoPsicóloga
MembroElizama das Chagas LemosDocente
MembroLeandro Viana SilvaDocente
MembroThalita Cunha MottaDocente
MembroMaria Adilina Freire Jerônimo de AndradePedagoga
MembroGlacio Gley Menezes de SouzaTécnico em Audiovisual
MembroJean Carlos Dias FerreiraIntérprete de Libras
MembroLilian Renata de Melo FilhoDiscente