INCLUSÃO: veja como o IFRN atua para oferecer cursos a distância para alunos com necessidades educacionais específicas

Reportagem: Laurence Campos / Evandro Ferreira / Nathália Souza

Se você está lendo o início desta matéria, é sinal de que possui a capacidade de enxergar, o que possibilita o reconhecimento visual de letras, palavras, frases e parágrafos inteiros. Mas você já imaginou como seria difícil estudar, por exemplo, sem o sentido da visão?

O Campus Avançado Natal – Zona Leste, instituição de ensino especializada em educação a distância, possui atualmente 10 alunos com algum tipo de deficiência física. Para que eles tenham as mesmas condições de estudo, todo o conteúdo disponibilizado é acessível – desde o Ambiente Virtual de Aprendizagem até o material didático.

Para estudar, alunos de um curso EaD do IFRN com cegueira, baixa visão ou visão subnormal podem contar com os seguintes serviços:

Glácio Menezes, Diretor de Produção de Material Didático dos cursos EaD do IFRN

O diretor responsável pela produção do material didático do Campus Natal – Zona Leste, Glácio Menezes, explica que esses recursos precisam ser utilizados de forma conjunta, de acordo com a necessidade de cada aluno: “a comunicação da grande maioria da comunidade surda, por exemplo, se dá através da Libras, diferentemente do indivíduo ensurdecido, que é oralizado e alguns ainda possuem certo domínio do português. Nesse caso, a legenda acaba sendo um facilitador a mais na compreensão”, explica.

Exemplos que inspiram

Luciana Maria da Silva Nascimento perdeu totalmente a visão já na fase adulta, em decorrência da Doença de Coats, que afeta os vasos sanguíneos da retina; já Patrícia de Souza Silva possui baixa visão, uma doença degenerativa que aos poucos diminui a capacidade de enxergar. Apesar das dificuldades e graças à educação inclusiva, ambas estão realizando um sonho: estudar e lecionar.

Alunas e equipe pedagógica do Campus Natal – Zona Leste na V JORDAI

Luciana e Patrícia são alunas do curso de Licenciatura em Espanhol do Campus Natal – Zona Leste e, além de estudarem um curso superior a distância, tiveram a chance de mostrar seus exemplos para outras pessoas. No final de 2019, elas pegaram a estrada para participar da Quinta Jornada de Diálogos sobre Acessibilidade e Inclusão (V JORDAI), que aconteceu em Santa Cruz – RN, e do II Encontro de Professores de Espanhol do Estado do Ceará. Com auxílio financeiro e acompanhadas de Márcia França, coordenadora do NAPNE, e da mediadora pedagógica, Eliane Galvão.

Da esquerda para a direita estão: Márcia França, Eliane Galvão, Patrícia Silva, Luciana Nascimento e Carlos Daniel
Patrícia Silva e Luciana Nascimento chegando em Fortaleza (CE) para o congresso

Essa foi a primeira vez que Patrícia e Luciana viajaram sem o acompanhamento de familiares. De acordo com Luciana, foi emocionante conhecer outras pessoas que também tinham limitações específicas. “Eu fiquei encantada com as histórias de uma aluna surda, outra deficiente visual, como eu, e especialmente a do Carlos Daniel, que tem uma doença degenerativa na coluna. Ele não movimenta os membros superiores e inferiores e estava contando como ingressou no IFRN”, lembra.

Núcleo de apoio às pessoas com necessidades educacionais específicas

Para fomentar ações de inclusão que levam a educação para pessoas como Luciana e Patrícia, o Campus Natal – Zona Leste conta com o Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE). A coordenadora do setor, Márcia França, explica que a função do Núcleo é mostrar para o aluno com deficiência que a sua especificidade não deve impedi-lo de conquistar um objetivo. “Trabalhamos para que o aluno com deficiência não só entre no IFRN, mas para que ele seja inserido no contexto da educação, do ensino, da pesquisa, da extensão”, destaca.