Pós-Graduação de Educação Ambiental e Geografia do Semiárido promove inclusão de alunos apenados
Especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido abre oportunidades no sistema prisional do RN
11 de fevereiro de 2025
A educação é uma ferramenta poderosa de transformação social, e o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) tem sido protagonista na oferta de ensino superior a pessoas privadas de liberdade. Em uma iniciativa inédita, o Campus Natal – Zona Leste (IFRN/ZL) ampliou essa atuação ao incluir alunos do sistema prisional no Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido, proporcionando oportunidades para qualificação profissional e reintegração social.
A coordenadora do curso, Narla Sathler Musse de Oliveira, destaca que a iniciativa atende a uma demanda dos próprios alunos que já tinham acesso à graduação via Universidade Aberta do Brasil (UAB). “O IFRN/ZL, em parceria com o sistema UAB, iniciou neste ano de 2025 a oferta de cursos de pós-graduação para esse público, ampliando o acesso à educação e fortalecendo a formação de profissionais capacitados para atuar na educação ambiental e no contexto do semiárido”, explica.
O Programa e sua atuação nas unidades prisionais
A especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido tem carga horária total de 400 horas, distribuídas entre disciplinas teóricas e a produção de um trabalho de conclusão de curso. Segundo Narla Sathler, a rotina de estudos dentro das penitenciárias é diária e inclui atividades síncronas e assíncronas, com suporte de professores e da Comissão Científica de Acompanhamento da Educação Prisional.
A flexibilidade pedagógica é um dos pontos centrais para atender os alunos privados de liberdade.
“Devido às particularidades do sistema prisional, é necessário pensar estratégias que permitam o acesso adequado ao conteúdo e aos equipamentos. A flexibilidade deve ser a palavra norteadora do fazer pedagógico para esse público”, pontua a coordenadora.
Desafios e perspectivas
A implementação do programa enfrenta desafios logísticos e institucionais, como o acesso à infraestrutura tecnológica e a necessidade de adaptação às restrições do ambiente prisional. Ainda assim, a coordenadora ressalta que a iniciativa tem grande potencial para impactar positivamente a vida dos alunos.
“A educação permite que essas pessoas compreendam seu papel na sociedade e no mundo, tornando-se agentes de transformação social de forma responsável e consciente”, afirma.
O curso está sendo ofertado pelo IFRN/ZL em diversos polos, como Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Caraúbas, e conta atualmente com sete alunos do sistema prisional matriculados. O Campus ZL, referência na oferta de educação a distância e na formação de professores, vem desempenhando um papel fundamental para garantir que o ensino chegue a esses estudantes de maneira acessível e eficiente.
A educação como caminho para a reintegração social
Além da qualificação profissional, o programa tem um papel fundamental na reintegração social dos alunos apenados. Para Narla Sathler, a educação não apenas oferece novas perspectivas de futuro, mas também contribui para a reconstrução da dignidade dessas pessoas. “Precisamos compartilhar essas experiências para inspirar outras instituições a investir em educação prisional e garantir que mais pessoas privadas de liberdade tenham acesso ao ensino superior”, reforça.
Com essa iniciativa, o IFRN/ZL se consolida como referência na inclusão educacional em espaços de privação de liberdade, reafirmando o compromisso com o direito à educação e a construção de um futuro mais justo e sustentável.